Esta semana aconteceu em Araguari a Fenicafé, que reuniu três grandes eventos da cafeicultura: o XV Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, a XIII Feira de Irrigação em Café do Brasil e o XII Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada. Entre as questões debatidas, chamou a atenção o tema da palestra de Nathan Herszkowicz, diretor executivo da ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café). Defendendo a importância do conilon para o mercado nacional, Herszkowicz apresentou dados que garantem a existência de um potencial de exportação ainda não explorado.
Segundo o Sindicafé-SP, o robusta, ou conilon, tem um trato mais rude que o grão arábica. Cultiváveis ao nível do mar e mais resistente (o arábica é cultivado somente a 800 metros de altitude), o conilon possui acidez menos acentuada, um amargor característico e, em geral, tem o dobro da cafeína contida no arábica. É bastante utilizado pela indústria do café solúvel e de cafés tradicionais. Já o arábica é apreciado pela complexidade de aromas e sabores, corpo e acidez. Especialistas garantem que os melhores blends são resultado de combinações de grãos arábica: estes são os chamados cafés gourmets e especiais.
Todo bom barista quer trabalhar com cafés de qualidade, exercitar suas capacidades sensoriais identificado aromas e sabores e transmitir esse entusiasmo em cada xícara servida. Mas nem só de café arábica vive o mercado. Incentivados por oportunidades não aproveitadas na exportação (apenas 13% do café em grão exportado pelo Brasil é robusta, segundo estudos publicados pelo Bradesco sobre o mercado cafeeiro na última década), produtores dessa variedade vêm investindo na qualidade dos processos de produção do conilon.
No Espírito Santo, estado brasileiro que concentra a produção nacional de robusta, o apoio da INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisas Agropecuárias) tem permitido aos produtores fazer investimentos em tecnologias de nutrição e irrigação e novos procedimentos de secagem. Tudo isso para aumentar o valor agregado e gerar mais renda para o produtor. A Prefeitura de Jaguaré, município produtor capixaba, promoveu ontem, inclusive, um encontro intitulado Conilon Especial. E o resultado de todo este esforço deve ser em breve sentido também pelo barista e pelo consumidor final: uma maior delicadeza na apreciação da bebida preparada com robusta. O café indiano Karnatka, um dos robustas mais valorizados pelo mercado, já é um exemplo do potencial desses grãos para surpreender o paladar acostumado ao agressivo do sabor do conillon.
O diretor executivo da ABIC insiste que o importante para o mercado nacional é conseguir valor pelo café, seja ele robusta ou arábica. Afinal de contas, o negócio do café movimenta altas cifras e possui um extenso efeito multiplicador, representando a fonte principal ou secundária de renda de várias famílias nos municípios produtores. O investimento em qualidade é uma vantagem financeira para as famílias envolvidas, uma vantagem simbólica para nossa cultura produtora/exportadora e uma vantagem prática para os nossos paladares.
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